Por Fellipe Couto
Não é de hoje que o mercado de trabalho no Brasil vem passando por mudanças. Há algum tempo, a forma de selecionar, recrutar e promover profissionais tem se tornado um diferencial nas organizações. Isso acontece devido a uma metodologia chamada RH Ágil, que tem auxiliado os profissionais de recursos humanos a disseminarem a cultura de inovação para todas as áreas da empresa, desburocratizando e tornando os processos mais estratégicos.
É comum associarmos a agilidade à área de tecnologia, entretanto, cada vez mais os departamentos de RH têm compartilhado dessa mesma habilidade. Antes, as práticas de recrutamento eram muito burocráticas, focadas, principalmente, na parte técnica de execução e trabalho processual. Atualmente, a necessidade de acelerar processos internos, realizar treinamentos e investir no desenvolvimento dos colaboradores tem incentivado melhores fluxos de produção, com foco na qualidade das tarefas e nos objetivos organizacionais.
A implementação de práticas ágeis também influencia na elaboração de um planejamento de carreira, pois, por meio delas, é possível não só acompanhar as capacitações dos profissionais, como também proporcionar uma melhor visualização de desempenho para uma determinada função ou cargo. Realizar um acompanhamento sobre propósitos pessoais, profissionais e financeiros representa um potencial interesse entre o colaborador e a companhia.
Um exemplo de ferramenta que pode ser utilizada para a produção desse roteiro de orientação é o roadmap, uma espécie de mapa, que faz apontamentos sobre como será a sua perspectiva em períodos diferentes. Basicamente, ele serve como um guia de desenvolvimento, como se cada profissional fosse uma empresa, já que a estratégia é avaliar o conjunto como um todo. Dessa forma, é possível que ocorra um alinhamento para que haja melhores resultados e melhor performance.
Se o colaborador pensar em sua carreira como um produto, e souber determinar exatamente onde está, e aonde quer chegar, a chance de obter sucesso é muito maior. Pensar em sua profissão como uma jornada é importante para gerenciar a visão de futuro, mas isso não significa que você deva realizar tudo aquilo que se propôs. Exercícios que estimulem o pensamento a longo prazo são essenciais, porém, avaliações em diferentes períodos podem identificar até mesmo a necessidade de transição de carreira.
Outro ponto importante, e que pode ajudar na estrutura de um plano de crescimento profissional, é a inutilização de nomenclaturas de cargos, como júnior, pleno e sênior. Não é difícil encontrarmos no mercado profissionais superestimados que possuam uma boa base salarial, mas que, muitas vezes, não progridem há anos ou não resolvem as solicitações que deveriam. Diversas companhias têm adotado uma forma mais eficaz e assertiva de realizar suas contratações, focando no tipo de atividade que o empregador precisa, e na forma como o contratado executa aquela ação, independentemente do seu tempo de experiência.
Percebe-se que a construção do desenvolvimento profissional precisa ser constante e monitorada periodicamente. Esta ação beneficia não apenas o progresso pessoal, como também colabora com o fit cultural, alinhando-se aos valores e às expectativas das organizações. Trazer inovação e tecnologia para as soluções de RH significa manter um avanço contínuo, que planeja a carreira como um produto, de forma que ela não se torne obsoleta, avaliando as competências para o futuro, além de permitir a versatilidade e a evolução por meio de ciclos.
*Fellipe Couto é CEO da Vulpi, empresa especializada em soluções de RH Tech
Publicado no portal 6 Minutos:
Comments