*Por Fellipe Couto
Com a chegada da pandemia, uma grande parcela da população mundial teve que se adaptar à vida remota. Com mais tempo em casa e explorando atividades que ajudassem a tornar o tempo produtivo, o mercado de games acabou sendo impulsionado neste último ano. Com uma excelente perspectiva de crescimento, tanto para os jogadores quanto para os desenvolvedores, a estimativa é que essa indústria movimente um investimento expressivo no segmento cultural, além de levantar questões mais específicas voltadas ao capital público e privado.
De acordo com a 8ª edição da Pesquisa Game Brasil (PGB) 2021, cerca de 75% das pessoas que já tinham o hábito de jogar videogame antes do isolamento social ainda permanece o mesmo, entretanto, a média de horas gastas com essa atividade pode variar entre oito e 20 horas semanais. Já em relação aos jogos instalados em aparelhos celulares, também houve um aumento significativo no tempo de uso dos aplicativos - antes da pandemia, estimava-se que grande parte da população jogasse por cerca de 30 minutos; hoje, o momento de entretenimento pode durar por até três horas.
Ainda segundo a pesquisa, a crescente indústria de games é movimentada, principalmente, pelo público feminino, liderando com um percentual de 51,5%, enquanto jogadores masculinos somam, ao todo, 48,5%. O levantamento também revela que, embora muitas crianças tenham acesso a um smartphone ou videogame, a principal faixa etária predominante no mundo dos players são adultos entre 20 e 29 anos.
Com o segmento em ascensão, o mercado de jogos tem atraído cada vez mais destaque, por meio do avanço das tecnologias digitais e de comunicação. Isso porque, já houve comprovação científica de que os estímulos enviados por meio das telas auxiliam os jogadores a desenvolverem melhor a criatividade, além de aprimorarem funções cognitivas, como a memória, a atenção e o raciocínio lógico e estratégico - características importantes para aqueles que gostariam de iniciar uma carreira promissora como desenvolvedor de games profissional.
Embora o mercado esteja aquecido, e o Brasil pertença a uma seleta lista como um dos maiores consumidores de jogos do mundo, ficando atrás apenas de alguns países, como Estados Unidos, China e Japão, todo o processo de capacitação de um profissional e a expansão de companhias desenvolvedoras nacionais ainda acontecem de uma forma lenta e atrasada. A dificuldade em criar uma indústria de games no país se dá pela quantidade de impostos, além de outros processos burocráticos que inviabilizam as empresas de elaborarem um produto competitivo e acessível para o público final.
Essas questões limitam a cadeia produtiva, freando atividades econômicas com grande potencial de retorno. O risco fiscal e a ausência de uma regulamentação dificultam passos largos de investidores na alavancagem do mercado de jogos no país. Já no que se refere à capacitação e retenção de talentos, as novas gerações podem ser protagonistas de uma era que ainda está por vir. Atualmente, já existem centenas de cursos preparatórios e de ensino superior para os futuros desenvolvedores de games.
Com a expansão do setor, espera-se que novas iniciativas sejam estudadas, principalmente sobre questões de políticas públicas, fomentando o crescimento da indústria, que tende a ser cada vez mais valorizada.
*Fellipe Couto é CEO da Vulpi, empresa especializada em soluções de RH Tech
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