Conscientização sobre a integridade dos dados deve acompanhar mudança impulsionada pela tecnologia, expondo um caminho de ética e transparência às empresas
Por Fernando Brolo
Cada vez mais, novas empresas migram seus processos com o auxílio de soluções tecnológicas, por razões que vão desde o aumento de desempenho à redução de gastos com sistemas manuais. De fato, não são poucos os méritos por trás da presença digital e suas raízes operacionais. Mas com o avanço de ferramentas de automação, surgem desafios altamente complexos, que exigem, por sinal, respostas assertivas por parte dos gestores e suas equipes internas.
No epicentro da digitalização, estão os dados, enquanto objetos passíveis de armazenamento e manuseio, sejam fornecidos por clientes ou produzidos por colaboradores. De todo modo, com a vigência da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e seu amadurecimento no país, a margem para erros nocivos à integridade de informações pessoais está enxuta.
Infelizmente, para além das restrições legais – as quais são válidas e compatíveis com uma mudança de mentalidade global -, existe um cenário de ameaças virtuais que não devem ser subestimadas, sob o risco de se flertar com consequências imensuráveis, para a segurança e a própria imagem do negócio ante o mercado. Em noticiários, há uma frequência assustadoras de matérias que relatam atividades criminosas de teor tecnológico, a exemplo do vazamento de dados, seguido por uma extorsão financeira. Sem dúvidas, todos os alertas estão ligados quanto ao tema.
Adesão a novas tecnologias é animadora, mas e a cibersegurança?
As expectativas continuam promissoras com relação à inovação em nosso país. Por outro lado, junto à progressão da tecnologia, novos hábitos ilícitos são trabalhados por criminosos virtuais, com a intenção de acompanhar a evolução do segmento. No início do ano, em um relatório produzido e divulgado pelo MIT Technology Review Insights, o Brasil foi apontado como um dos cinco países com o progresso mais lento em cibersegurança. Afinal, onde estamos errando?
Partindo do pressuposto de que as dificuldades são naturais, visto que o processo de transformação digital demanda um período de adaptação, bem como a introdução de profissionais capacitados, é importante que lideranças responsáveis não permaneçam inoperantes, dentro de um modus operandi de reação a problemas de segurança digital. É possível, sim, adotar uma postura preventiva, que prepare o ambiente operacional e coloque a empresa em um estado preditivo, com o intuito de mitigar riscos e, caso eles ocorram, minimizar o impacto.
Outro aspecto decisivo é a criação de políticas que culminem em um espaço de conformidade, ética e privacidade, colocando-as como diretrizes a serem respeitadas e exercidas diariamente. É preciso fomentar a maturidade digital e inserir os colaboradores nesse contexto, contribuindo para que sistemas de cibersegurança tenham muito mais aderência.
Por fim, entendo que o momento seja extremamente propício para que as empresas discutam uma entrada à digitalização que não ignore princípios básicos e defendidos por parâmetros regulatórios, pelo contrário, é fundamental que eles sirvam de motivação para a concretização da cibersegurança no âmbito interno. Priorizar a segurança dos dados é valorizar uma etapa determinante para o sucesso de toda e qualquer iniciativa tecnológica, e mais do que isso, respeitar uma demanda imposta por consumidores amplamente conscientes de seus direitos.
*Fernando Brolo é Sócio Conselheiro e Diretor Comercial da América Latina na Logithink IT. O executivo possui vasta experiência em canais TOTVS, além de atuação na área comercial e de operações, tendo passado, ao longo de sua carreira, por diversas áreas de negócios, como Gestor Comercial, Executivo de Contas e Vendas, de Operações e de TI.
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