Na tarde de ontem, 18 de outubro, participamos da Coletiva de Imprensa do filme ´´A Vida Invisível``. No local estavam presentes o diretor Karim Aïnouz, o produtor Rodrigo Teixeira, as atrizes Fernanda Montenegro, Julia Stockler, Carol Duarte, Maria Manoella, o ator Gregório Duvivier, e grande parte da produção. O evento ocorreu logo após a exibição do longa para jornalistas, e rendeu histórias sobre a construção do longa, e como ele ainda está relacionado com a nossa atualidade.
O longa se passa durante os anos cinquenta, e questionado sobre a escolha desse período, Karim respondeu que existe um esforço maior em produzir algo de época, do que filmes contemporâneos em geral. Além disso o diretor ainda frisou dois motivos muito significativos para a escolha dessa década que foram: O quanto as mulheres conquistaram muita coisa desde aquele ano, e o quão pouco os homens mudaram no decorrer desse tempo.
Karim também explicou que existe uma simbologia para a escolha da década de cinquenta, já que ela antecede grandes mudanças, como a Revolução Sexual, a invenção da pílula anticoncepcional, e o processo legal do divórcio, que sem dúvida representavam uma conquista muito grande para o movimento feminista, deixando claro que esse não é um filme de época, mas é sobre uma.
Rodrigo Teixeira comentou um pouco sobre o orçamento do filme, que custou cerca de 6 milhões de reais. Ele explicou que a produção contava com recursos públicos, mas que um pouco antes das filmagens começarem, descobriu que a verba não seria liberada a tempo, por conta das mudanças na diretoria da Ancine. O produtor ainda comentou sobre as parcerias, contou que a produção não precisou cotizar o longa com muitos patrocinadores, apenas com aqueles que de fato acreditavam no filme.
O longa possui uma mensagem bem clara sobre o machismo, e sobre todo o preconceito que a mulher sofria por querer fazer escolhas, e se libertar de uma sociedade tão retrógrada. Julia, Carol e Maria Manoella, falaram um pouco de suas personagens e destacaram características de um sistema patriarcal, e o abuso sexual marital. Gregório Duvivier interpreta um marido abusivo, e complementou a colocação das atrizes, mencionando que apesar de seu personagem ser de um outro tempo, ele é ao mesmo tempo muito atual.
Fernanda Montenegro abrilhantou a coletiva com seu bom humor, e suas colocações muito bem estruturadas sobre o que ela pensa sobre o cinema, e sobre todas as suas personagens. Quando questionada sobre qual era a fonte de sua inspiração, sem hesitar respondeu: - A vida. Pois acabou de completar 90 anos, e ainda está sendo convidada para trabalhar. Referente as críticas feitas pelo Presidente da República, Fernanda brincou: Não sou eu (sobre ser chamada de sórdida), e ele deveria procurar um tratamento que o conduza a uma realidade de vida.
Rodrigo Teixeira finalizou a coletiva fazendo um apelo, não só para a mídia, mas para o público. ´´A Vida Invisível`` concorrerá ao Oscar em 2020, e o produtor fez questão de frisar o quanto a divulgação desse longa, e das demais produções brasileiras são importantes, principalmente em tempos que devemos lutar contra um governo ignorante, e provar para eles que, independentemente das dificuldades impostas, o cinema e a cultura continuarão firmes.
Texto publicado no site CFNotícias em 18/10/2019.
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