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Foto do escritorVictória Profirio

Crítica: A Sombra do Pai

Atualizado: 14 de nov. de 2022


Um toque de suspense, uma pitada de terror, e uma linha tênue entre a realidade e a imaginação infantil, até que ponto as pessoas encaram a morte? E será que magia pode resolver a falta que sentimos de alguém?.


Produzido e roteirizado por Gabriela Amaral Almeida ´´A sombra do Pai`` é uma mistura de drama e terror, conta a história de Dalva (Nina Medeiros), uma menina que ao perder a mãe em um acidente a dois anos atrás, acaba sendo criada pela tia Cristina (Luciana Paes) e pelo pai Jorge (Júlio Machado). Dalva deixa de lado a infância para cuidar de si mesma e do pai, já que os planos de sua tia se resumiam em casar e mudar-se para construir sua família, durante esse período a garota percebe que possui dons, e passa a estudar magia com o objetivo de ressuscitar a mãe.


O longa conserva todos os traços de um terror clássico, tudo se remete ao clima de luto, a casa da família com baixa iluminação, os itens que foram trazidos pelo pai após a exumação do corpo de sua esposa, e como Dalva utiliza todos eles. Desde o início é possível notar que desde o acidente, a família se vê como desconhecida, não há o mínimo de afeto, é como se os personagens ainda estivessem sentindo o peso da perda, como se fosse algo recente.


A sonoplastia causa arrepios, em muitos momentos esperamos sustos pelo ar dramático da situação, os personagens transmitem uma mistura de sentimentos ruins, como amargura, apatia, desamparo, e desgosto pela vida. Por diversos momentos temos a morte como uma incógnita, a falta que alguém faz em nossa vida e como lidamos com isso é algo individual, porém, cada um acredita naquilo que lhe conforta, uns acreditam em vida após a morte, outros acreditam num lugar melhor, acontece que para uma criança tudo muda de contexto.


A forma como Dalva enxerga a morte, é como se fosse apenas uma saudade, algo que se desejarmos muito, podemos ter de volta, a imaginação fértil da menina leva-a torna-se forte, onde descobre seu próprio universo, entre a fantasia e a realidade, sem deixar de ter esperança.


Texto publicado no site A Toupeira em 02/05/2019


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