top of page
Foto do escritorVictória Profirio

Crítica: A Vida Invisível

Atualizado: 14 de nov. de 2022



Rio de Janeiro, década de 1950, Eurídice (Carol Duarte) e Guida (Julia Stockler) são duas irmãs inseparáveis, que moram com seus pais, e possuem uma educação rígida. Ambas desejam conquistar seus sonhos: Eurídice espera ganhar uma bolsa para estudar música, e tornar-se uma pianista profissional; Guida sonha encontrar o verdadeiro amor. Após certos acontecimentos, elas acabam sendo separadas pelo pai, e em meio a um regime patriarcal são submetidas a uma vida de angústias, sempre sonhando com o dia em que se reencontrarão.


Essa é a história de ´´A Vida Invisível`` dirigida por Karim Aïnouz, o filme é repleto de críticas as questões sociais, que infelizmente ainda rondam nossa sociedade. Apesar de ser um filme sobre uma época, a produção abordou pontos bem específicos de situações que ainda rondam nosso cotidiano, e a forma delicada como cada assunto foi tratado, só nos faz refletir que muitas vezes, essas coisas podem estar mais perto do que imaginamos.


O filme sustenta uma alta dose de melodrama, a representatividade do sentimentalismo em todas as cenas é o que ajuda o espectador a se envolver na história, e é nesse momento que somos arrebanhados por um misto de inquietação, quanto ao rumo da vida das personagens.


O longa não é apenas uma produção feita para retratar a história de duas irmãs separadas, ele serve para traçar um contexto de o porquê tudo aconteceu. As personagens passam por diversas situações no decorrer do filme, e todas são iniciadas e movidas pelo machismo. De forma bem explicita, a produção retratou o papel do homem ignorante, que acredita que a mulher é apenas um corpo, cujo seus sonhos e vontades devem ser anulados, em prol da felicidade daqueles que se acham ´superiores`.


A produção optou por utilizar cenas de sexo com uma certa frequência, entretanto, em momento algum foi utilizado como um ato de paixão, a partir do momento que esses trechos são exibidos, vemos nitidamente que estamos diante de um abuso sexual que se repete diversas vezes. Karim Aïnouz com certeza buscou retratar de forma clara, todo o aspecto angustiante envolvido não só naquela situação, mas em toda a dialética que cercava o filme.


´´A Vida Invisível`` está concorrendo a uma vaga ao Oscar em 2020, e particularmente acredito que a produção seja uma forte concorrente ao prêmio na categoria de Melhor Filme Internacional. Vencendo ou não, o filme está lindo, e com certeza vale a pena a ida ao cinema para se emocionar com a história de Eurídice e Guida.



Texto publicado no site CFNotícias em 18/10/2019.


Link da publicação:


1 visualização0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page