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Foto do escritorVictória Profirio

Crítica: Dafne

Atualizado: 14 de nov. de 2022


Quando temas relacionados a distúrbios, doenças ou limitações são abordados em filmes, é comum que vejamos uma história com certo ar de piedade, normalmente retratando a vida do personagem com alto nível de dificuldade, alguém que deverá ter o dobro do esforço de uma pessoa ´´comum`` para conquistar os seus objetivos. No entanto, esse tipo de conceito não se encaixou em absolutamente nada neste longa.


O filme dirigido por Federico Bondi, conta a história de Dafne (Carolina Raspanti) uma jovem com Síndrome de Down, que após a morte de sua mãe Maria (Stefania Casini), tem que aprender a se relacionar com seu pai Luigi (Antônio Piovanelli). Eles nunca tiveram uma relação muito boa, porém, os dois terão que se esforçar para conviver com as diferenças.


Dafne é jovem, madura e independente, ser portadora da Síndrome de Down não é nenhum empecilho em sua vida. Ela trabalha, anda de transporte público, tem hobbies e se diverte como qualquer outra pessoa. A produção do filme retratou de uma forma muito especial como são a vida dessas pessoas, sem ter que vitimizar a personagem, ou lhe atribuir rótulos. Ela é alguém livre e com capacidade para fazer o que quiser.


A relação de pai e filha era um caso emblemático, tive a sensação que eles pouco se comunicavam enquanto a mãe da garota estava viva, era como se somente Maria desse atenção para Dafne, enquanto o pai se omitia em relação a paternidade. Quando a mãe faleceu, ambos obviamente foram tomados pela tristeza, mas é nítido que também houve o choque de terem que ser obrigados a conviver, sem que agora houvesse um intermediador entre eles.


O longa foi fiel a cada um dos sentimentos dos personagens, acredito que seu principal objetivo foi trazer à tona a humanização. No decorrer do filme, tivemos algumas cenas que causaram um impacto emocional, e é ai que percebemos o quanto cada pessoa pode carregar coisas dentro de si, nem sempre o que vemos na superfície é real, pessoas criam laços afetivos, sonhos, e expectativas, e as vezes não percebem que outras pessoas estão envolvidas, e que esconder o que se sente pode causar perda de momentos especiais.



Texto publicado no site CFNotícias.


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