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Foto do escritorVictória Profirio

Crítica: Dor e glória

Atualizado: 14 de nov. de 2022


Melancólico e reflexivo, o filme denota uma característica importante sobre o quanto o mundo dá voltas, e como a vida muda de uma hora para outra, de repente estamos no topo, seguros e realizados, e num piscar de olhos estamos tentando reencontrar a nós mesmos.


´´Dor e Glória`` é um filme de Pedro Almodóvar, uma autoficção da vida do próprio diretor, conta a história de Salvador Mallo (Antônio Banderas), um cineasta que está há anos afastado de sua profissão, por problemas de saúde, e problemas emocionais que ele não consegue resolver. Em seu próprio declínio, Salvador se encontra em uma série de reflexões sobre a sua infância, sua vida pessoal e seu trabalho.


Pedro Almodóvar construiu seu longa baseado em fatores de uma autobiografia, o diretor fez diversas ligações sobre as suas relações afetivas, memórias, e experiências, fazendo com que o personagem de certa forma fosse o seu espelho. Algumas ações de Salvador, foram unicamente incluídas no filme, sem relação com a realidade, como o uso de heroína, que há princípio o personagens usou como forma de curiosidade, e logo depois passou a utilizá-la como um método para se livrar das dores de cabeça e muscular que sentia.


O longa é basicamente voltado para o que acontece após a glória, ele retrata de fato a decadência que o ser humano pode chegar após realizar feitos de grande sucesso. É possível perceber o quanto o personagem se encontra inerte em seus próprios pensamentos, em suas próprias frustações, ele basicamente só vive, mas não encontra o porquê das coisas.


O filme inteiro se refere muito as auto reflexões, como relacionamentos que muitas vezes podem não acabar bem, e ficamos com aquela sensação de inconclusão, ou até relacionamentos familiares, como por exemplo no filme, Salvador teve a oportunidade de uma conversa com a mãe, um tipo de acerto sobre o passado deles, que naquele momento pareceu estar resolvido, mas quatro anos após sua morte, ele admitiu que esse era um dos motivos pessoais que o impedia de voltar a trabalhar.


A mente humana é uma caixinha cheia de surpresas, ela pode te pregar peças, fazer com que você acredite em algo que ela mesma cria, e isso muita vez domina mentes de pessoas incríveis, que ficam presas em si mesmas, por não conseguirem destrancar um cadeado que sua própria imaginação inventou.



Texto publicado no site CFNotícias, em 13/06/2019.


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