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Foto do escritorVictória Profirio

Crítica: Sem Perdão

Atualizado: 14 de nov. de 2022


Somente aqueles que já vivenciaram o luto, compreendem que ele é composto por algumas fases, dentre elas está a negação, um estado natural ao perder um ente querido, entretanto, ela torna-se um problema, quando alimenta o desejo de vingança.


´´Sem Perdão`` (The Unforgiven) dirigido por Sarik Andreasyan, retrata a história de Vitaliy Kaloev (Dmitriy Nagiev), um engenheiro civil, que tem sua vida destruída, após um trágico acidente de avião levar a vida de sua esposa, e seus dois filhos. Agora, ele busca por justiça para que os responsáveis sejam punidos, e com esperança de que isso traga conforto a sua alma.


O longa é baseado em um acontecimento real, o Desastre de Überlingen, ou Acidente do Lago de Constança, como é conhecido, ocorreu em 1º de julho de 2002, onde duas aeronaves colidiram no ar, causando a morte de todos os passageiros e tripulantes com destino a Barcelona, na Espanha.


Após investigações, ficou determinado que a causa do acidente havia sido uma falha no sistema de controle do tráfego aéreo, o que significa falha humana, causada até então pelo controlador Peter Nielsen, que estava sozinho na torre de comando. A perícia ainda revelou que os sistemas anticolisão das aeronaves também não estavam funcionando.


De forma suscinta, a produção preocupou-se em destacar dois pontos que justificariam o desenrolar dos fatos. Mesmo com a confirmação de que o erro havia sido da empresa responsável pelo tráfego aéreo, os diretores da companhia sequer ofereceram algum tipo de amparo as famílias das vítimas, exceto por uma pequena quantia em dinheiro, que eles insistiam em chamar de ´´compensação``, por todas as vidas perdidas.


O segundo ponto, está relacionado a sensação de injustiça e impotência, cerca de 71 pessoas morreram no acidente, e o responsável não havia sido punido, até Vitaliy Kaloev tomar as próprias providências.


Ao contrário de toda a ação que estamos acostumados a ver em títulos relacionados na busca pela justiça, o drama russo reflete sobre a vivência do luto, e suas características, validando emoções que muitas vezes podem não ser compreendidas, mas que precisam de um desfecho para que possamos ficar em paz novamente.



Texto publicado no site A Toupeira em 03/09/2020.


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