´´O Último jogo``, dirigido por Roberto Stuart, inicia sua história em dois vilarejos na fronteira entre Brasil e Argentina. Do lado brasileiro, a pequena cidade de Belezura se prepara para encarar dois grandes acontecimentos que mudarão o rumo das coisas: o primeiro é o fechamento da fábrica que gera grande parte dos empregos no povoado, e o segundo, é a última partida de futebol contra os arquirrivais arge
ntinos, da cidade de Guapa.
O vilarejo de Belezura sobrevive às custas da indústria moveleira, mas engana-se aquele que pensa que os moradores estão se preocupando com o fechamento da única fonte de renda da cidade. No bar ou nas ruas, não se fala em outra coisa que não seja sobre a fatídica partida de futebol, antes que tudo entre em colapso.
Para todos os envolvidos, vencer o jogo não é só uma questão de competitividade, mas de honra, e até mesmo de vida ou morte. A produção do longa brinca com o extremo e o abstrato. Embora pareça que a história siga apenas uma narrativa, ela nos convida a olhar o que está por trás do que está sendo apresentado.
O futebol serve como pano de fundo, e abre espaço para uma comédia voltada a paixão, idolatria, e principalmente ao fervor da rivalidade. É interessante observar como todas essas questões são abordadas de forma muito simples, e como se encaixam perfeitamente em situações tão banais.
O longa também revive o famoso futebol de várzea, e demonstra total desdém pelo cumprimento das regras em campo, tornando o jogo uma espécie de vale tudo, e incendiando ainda mais a tensão entre brasileiros e argentinos.
Também é interessante observar as influências do realismo fantástico no decorrer da história, e como as situações surgem de forma espontânea, nos apresentando uma obra cômica, leve, e repleta de elementos culturais que valem a pena serem assistidos.
Texto publicado em Cinema & Companhia, do portal ArteCult em 12/03/2021.
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